Madeiras fossilizadas foram apreendidas pela Polícia Federal e alocadas no pátio da Agência Brasileira de Inteligência, em Brasília (DF)
Nesta quarta-feira, 24, uma comitiva do Tocantins formada por representantes do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), que atuam no Monumento Natural de Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins (Monaf) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), avaliam mais de 80 toneladas de madeiras fossilizadas apreendidas pela Polícia Federal (PF) e alocadas no pátio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília (DF), para providenciar o retorno das peças às coleções de árvores fossilizadas do Estado.
A missão da Comitiva do Tocantins teve início nessa terça-feira, 23, e se estende até o dia 27 de novembro de 2021. O traslado das peças ao Estado de origem será realizado em momento oportuno, para alocação dos fósseis nas coleções da UFT, da UFNT e do Naturatins.
“Este momento é considerado histórico para o Monaf, a Paleontologia Brasileira e a Comitiva do Tocantins, uma vez que esses fósseis seriam contrabandeados e, agora, retornarão ao estado de origem. No Tocantins, as peças ficarão sob a guarda das instituições de ensino superior do Estado e do Naturatins, que conta com os cuidados de uma UC [Unidade de Conservação] de Proteção Integral, para esse tipo de material”, destacou o biólogo e gestor do Monaf Tocantins, Hermísio Alecrim.
“Nessa missão interinstitucional entre UFT, UFNT e Naturatins, vamos vistoriar cerca de 80 toneladas de madeiras fossilizadas, extraídas de forma indevida da região do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins. Essa oportunidade é resultado da mobilização do reitor Luiz Eduardo Bovolato, que sabendo da possibilidade de salvaguarda de parcela do material alocado no pátio da Abin, por parte da UFT, reconhece a importância científica que esse material possui”, afirmou a paleontóloga, professora doutora representante da UFT, câmpus de Porto Nacional, Etiene Fabbrin Pires Oliveira.
“Contudo, o valor científico deste material é inestimável, tendo em vista que são peças ainda desconhecidas da ciência brasileira e que, com a devida salvaguarda em instituições de ensino e pesquisa, vão servir como base para futuras pesquisas e formação de pessoas tanto em nível de graduação como de pós-graduação”, avaliou Etiene Oliveira.
“O retorno dos fósseis vegetais ao estado do Tocantins, outrora, destinados ao tráfico de fósseis, situação superada com ação civil pública, constitui importante elemento da história natural do Estado e região norte, possibilitando, por meio da UFNT, instituição de ensino superior recém-criada, ampliar o leque de pesquisa paleontológica, bem como proporcionar aos estudantes do curso de Biologia, procedentes de vários estados como Piauí, Pará, Maranhão, melhor conhecimento da vida pretérita, assim como a possibilidade de elucidar aspectos evolutivos e temporais”, pontuou a bióloga e representante da UFNT, Tatiane Marinho Vieira Tavares.
“Os projetos de extensão e feiras de ciências, ações constantes no curso de Biologia, permitem a ampla divulgação, no ensino básico e sociedade civil, caracterizando, portanto, uma vitória à paleontologia brasileira”, concluiu Tatiane Tavares.
De acordo com a Comitiva do Tocantins, o Monaf tem importância científico-cultural imensurável e uma estimativa aponta que grande quantidade (cerca de 100 toneladas) de fósseis provenientes da UC foi objeto de atividade de venda e exposição à venda, inclusive via internet, durante mais de uma década (1997 a 2008).
Após investigações concluídas pela Polícia Federal, foram ajuizadas uma Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/1985) e uma Ação Penal, ambas, propostas pelo Ministério Público Federal, perante a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Tocantins. E tiveram papel importante neste processo, a Curadoria de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra/DNPM, bem como da Sociedade Brasileira de Paleontologia.
Comitiva Tocantins
Do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), quem acompanha é o biólogo, Inspetor de Recursos Naturais, gestor do Monaf, Hermísio Alecrim. Da Universidade Federal do Tocantins (UFT), a professora doutora, paleontóloga, câmpus de Porto Nacional, Laboratório de Paleobiologia, Coleção de Paleontologia da UFT – CPALEOUFT, Etiene Fabbrin Pires Oliveira, é quem acompanha a equipe tocantinense.
E quem representa a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), câmpus de Araguaína, Laboratório de Invertebrados e Paleontologia (LIP) e o de Coleções Biológicas e Paleontológicas (LCBP) é Tatiane Marinho Vieira Tavares.
Monaf
O Monaf está situado na Amazônia Legal, no distrito de Bielândia, município de Filadélfia, norte do Tocantins. Foi criado pela Medida Provisória nº 370/2000 (Tocantins, 2000), e convertida na Lei Estadual nº 1.179/2000, inserido na categoria de UC de proteção integral, com a finalidade de proteger e conservar as diversidades biológicas e paleontológicas existentes no local.
Edição: Thâmara Cruvinel
Revisão Textual: Marynne Juliate Peças estão sendo preparadas no pátio da Abin para o traslado – Hermísio Alecrim/Governo do Tocantins Fósseis são acomodados em caixas para retorno ao Tocantins – Hermísio Alecrim/Governo do Tocantins Madeiras fossilizadas serão repatriadas no Tocantins – Hermísio Alecrim/Governo do Tocantins Fósseis vegetais retornam para a coleção de origem no Tocantins – Hermísio Alecrim/Governo do Tocantins