Nesta última semana de 24 a 28 de maio foram realizados o acompanhamento dos casais da espécie e as instalação de armadilhas fotográficas (câmaras trap) para monitoramento dos ninhos
A espécie do pato-mergulhão só ocorre em rios e riachos com águas extremamente límpidas e está criticamente ameaçada de extinção – Foto: Divulgação
A Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto de Natureza do Tocantins (Naturatins) iniciou os trabalhos de monitoramento e conservação do pato-mergulhão nas Unidades de Conservação que formam o Mosaico do Jalapão, Parque Estadual e APA do Jalapão. As ações começaram nesse mês de maio e devem se estender até meados de outubro.
Nessa última semana de 24 a 28 de maio foram realizados o acompanhamento dos casais da espécie e a instalação de armadilhas fotográficas (câmeras trap) para monitoramento dos ninhos. Essa ação contou com a participação do técnico do Parque Estadual do Jalapão, o biólogo Thomas Tanaka Ferreira e do biólogo ornitólogo e inspetor de Recursos Naturais do Narutarins, MSc. Marcelo Barbosa.
Segundo o Biólogo Barbosa, ainda no início de maio, período que antecede o início da ocupação do ninho e postura dos ovos, foi realizado o experimento de diminuição da largura de entrada do ninho. O biólogo destacou que: “o ninho estava bastante vulnerável à predação e apresentava a entrada da cavidade muito larga e que dava acesso, além da fêmea, também a outros predadores naturais. Para isso foi realizada uma intervenção nesse ninho de modo a diminuir a largura da cavidade de acesso para permitir maior proteção ao interior da cavidade e à câmara de incubação dos ovos e, consequentemente, espera-se um melhor sucesso reprodutivo do casal que utiliza esse ninho”.
No Jalapão, a espécie utiliza principalmente cavidades em oco de árvores para instalar seus ninhos. Ao todo já foram identificados 07 ninhos em um trecho de 145 km do Rio Novo, sendo esses de 05 casais diferentes. O biólogo informa que em breve estará sendo publicado em revista científica especializada os dados referentes ao censo realizado em 2019 e aos novos ninhos encontrados no Rio Novo.
Dentre as ações previstas pelo Naturatins para essa temporada reprodutiva estão o acompanhamento de casais e vistoria em seus ninhos, um experimento teste em um dos ninhos da espécie e a realização de um censo ao longo do Rio Novo para contagem dos indivíduos. O censo será realizado em agosto deste ano com a parceria da Fundação Pró-natureza (Funatura) e com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Alves Silvestres do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/CEMAVE).
O biólogo Thomas Tanaka Ferreira, técnico do Parque Estadual do Jalapão, conta sobre a importância desse tipo de monitoramento e estudo da espécie no parque “Um dos motivos que auxiliou a criação do Parque Estadual do Jalapão foi justamente a presença do pato mergulhão na região e é importante a gente monitorar pra saber a situação e status da espécie, que tipo de ameaças ela pode estar sofrendo, fazer um censo populacional e além disso entender melhor sobre essa espécie, o ciclo de vida dela e os hábitos de reprodução. Então é importante esse acompanhamento para gente saber a situação populacional do pato e entender melhor os modos de vida desse animal”.
Pato-mergulhão
A espécie do pato-mergulhão só ocorre em rios e riachos com águas extremamente límpidas e está criticamente ameaçada de extinção, tendo uma população estimada em menos de 250 indivíduos sobrevivendo na natureza apenas no Brasil. O último censo realizado no Rio Novo foi em agosto de 2019 e identificou 25 indivíduos adultos nesse importante rio da região do Jalapão. Até o momento é considerado o principal rio de ocorrência da espécie, principalmente no trecho acima da Cachoeira da Velha, sendo a única área onde se localiza a espécie no Tocantins.
O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas, Warley Rodrigues, destaca que o Naturatins, como instituição que faz parte do Plano de Ação Nacional de Conservação do pato-mergulhão – PAN Pato-mergulhão, não tem medido esforços e tem desempenhado seu importante papel no apoio, planejamento e execução de ações em prol dessa espécie que foi escolhida por meio de portaria do Ministério do Meio Ambiente, o Símbolo de Conservação das Águas Brasileiras.
Colaboração Marcelo BarbosaAs armadilhas fotográficas são realizadas com câmaras trap e são essenciais para o monitoramento dos ninhos – Marcelo Barbosa/Governo do TocantinsO MSc. Marcelo Barbosa é o biólogo responsável por realizar este monitoramento do pato mergulhão no Tocantins – Divulgação